sábado, 8 de maio de 2010

Luz sobre mim

A luz clara do salão ilumina com força meu rosto. Observo com um pouco de dor as marcas dos anos abaixo dos olhos. Sentada na cadeira moderna, alumínio enrolado nos cabelos, sinto-me um pouco patética.
Falta-me um pouco de intimidade com esse mundo de glamour e vaidade. Fico lá, me olhando, observando cada mancha na pele do rosto, pensando na contraditoriedade das cicatrizes das espinhas recém-tratadas ao lado das novas rugas, expressões do tempo e da inegável experiência.
Observo a blusa ajustada no corpo e constato que a dieta não está fazendo efeito. O stress ainda teima em desregular meu ritmo. Sinto-me feia, triste. Pior, sinto-me derrotada.
Porque vejo tanta luta e tão pouca vitória. Onde estão os louros? Onde está a glória?
Passo tanto tempo me procurando e quando me dou conta a última coisa que fiz foi olhar pra mim.
Olhar pra mim do jeito que fiz hoje, com a luz fria do salão sobre meu rosto visivelmente cansado, envelhecido, triste. Olhar meu corpo esquecido, escondido.
Eu sou bem mais que isso, sou o que vivi pra chegar até aqui, mas só tenho olhos pra esse reflexo triste.
Com quem a gente aprende a ser assim?

2 comentários:

Anônimo disse...

Espero que isso seja apenas fruto de sua imaginação. A beleza vai muito além de um rosto bonito.
BjO*

Ivan disse...

Com quem a gente aprende? Caraca, a gente nasce sabendo!! O que temos que aprender é a contramão desse raciocínio. Isso sim é que é difícil aprender. E mesmo depois de aprendido, a gente, de vez em quando, se encontra sob luzes frias tomando o chicote das mãos dos verdugos naturais, e fazendo o serviço nós mesmos. Tem que resistir a essa merda toda. Fique bem, linda.

Beijoca.

Ivan.