segunda-feira, 30 de março de 2009

Estória

Ela abriu a porta de casa, acendeu as luzes.
Suspirou.
Sentiu todo o cansaço do dia estressante no trabalho, olhou para os copos sujos sobre a mesinha de centro, lembrou da noite anterior.
Ou melhor, madrugada anterior, porque mal dormira.
Fora para o trabalho naquele dia quase sem pregar o olho.
Jogou a bolsa no sofá, descalçou as sandálias de salto e resolveu colocar um pouco de ordem na bagunça.
Juntou as roupas espalhadas pelo chão, pôs a louça suja na pia, trocou os lençóis, abriu as janelas para a noite fresca.
Sentia que o ar precisava entrar naquela casa e parou olhando os prédios que conseguia ver dali do alto. Naquele horário o trânsito já melhorara e ela acompanhou a trajetória dos pequenos pontinhos de luz no chão por alguns momentos.
Pensou no rapaz que havia deixado seu apartamento há tão pouco tempo. Não era um deus grego. Mas sabia dançar. Foi por isso que ela gostou dele.
O jogo de sedução durou a noite toda, ela divertira-se. Para uma mulher solteira que beirava os 40 ela ainda estava bem. Ela decidiu-se por levá-lo ao seu apartamento no momento em que ele sorriu e perguntou se podia vê-la novamente.
A noite havia sido boa. Satisfatória. Ele tinha passado a noite. Ela não gostou muito, mas permitiu. Na ida para o trabalho deixou-o em casa.
Fechou a janela. Olhou sua casa. Gostava da sua tranqüilidade, da sua solidão. Das suas coisas no lugar. Da sua organização.
Ela abriu o celular. Acessou o nome dele.
Deletou.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ela vai se arrepender depois, quandl ele ligar, e não souber que o número ali era o dele, para ao menos deixar o celular tocando.